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aifia-pt - Re: [AI] Filosofando AI

aifia-pt AT lists.ibiblio.org

Subject: Arquitetura da Informação (em Português)

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Chronological Thread  
  • From: "mauro pinheiro" <mauro.pinheiro AT gmail.com>
  • To: "Arquitetura da Informação (em Português)" <aifia-pt AT lists.ibiblio.org>
  • Subject: Re: [AI] Filosofando AI
  • Date: Mon, 3 Nov 2008 14:37:22 -0200

2008/11/3 Lia Siqueira <lia.siqueira AT gmail.com>:
> Mas agora eu quero que o Rafael ou o Fred me exliquem melhor essa parte "o
> futuro da AI é planejar as coisas para que os usuários possam organizar os
> conteúdos da forma como desejarem, ao invés de já entregar uma organização
> que busque atender todos os usuários". Se for possível, claro.
>

Lia, acho que nós vivemos uma utopia...tentamos ao máximo fazer com
que os sistemas de informação com os quais trabalhamos sejam
facilmente compreendidos pelo maior número de pessoas possível -
"todos os usuários", como você mencionou.

É óbvio que por melhor que seja o resultado de nosso projeto, "todos"
é um universo irreal. Acredito que mesmo nos produtos mais
segmentados, voltados para nichos bem específicos com usuários
semelhantes, temos uma margem de "acerto" limitada (não
necessariamente pequena, mas limitada).

Isso porque nós somos criaturas únicas. Cada um pensa de um modo,
interpreta o mundo a sua maneira. Ao menos em teoria, um mesmo produto
vai ser compreendido de maneira diversa por cada pessoa. Isso fica
ainda mais complicado quando se trata de um produto de alcance global,
cujo 'alvo' é de fato **qualquer pessoa**.

Há algum tempo vi uma pesquisa interessante sobre como valores
culturais foram levados em consideração no projeto de sites do Mc
Donald's. É curioso: enquanto as lojas "físicas" do Mc Donald's são
rigorosamente iguais em qualquer lugar do mundo (ou ao menos dos
países que eu pude visitar), a sua contrapartida no mundo online não
segue essa regra, se adequando aos valores culturais do país em
questão.

Esse estudo é da Elizabeth Würtz. Chama-se "A cross–cultural analysis
of websites from high-context cultures and lowcontext cultures". Foi
publicado no Journal of Computer-Mediated Communication, v. 11, n.1,
article 13, 2005.
Disponível em: http://jcmc.indiana.edu/vol11/issue1/wuertz.html


Acredito que em função dessa idiossincrasia inerente aos seres humanos
é que seja interessante pensarmos em sistemas de informação dinâmicos,
que possam ser adequados a cada pessoa. Se a tecnologia caminha cada
vez mais no sentido da customização, com uso de agentes inteligentes
para segmentar cada vez mais os produtos, por que não pensarmos esse
mesmo modelo para A.I.?

Nada indica que uma vez que seja dada a oportunidade de cada pessoa
organizar os sistemas de informação a sua maneira, essa pessoa venham
a fazê-lo! Acredito que muitas pessoas querem mais é receber algo
preparado, sem ter que se preocupar com organizar nada, preferindo ter
que aprender a lógica de outros do que ter que lidar com uma
configuração qualquer. O grande barato então seria ter um sistema que
de fato aprendesse com o uso, percebesse padrões de uso de uma
determinada pessoa ao longo do tempo e fosse se adaptando
discretamente a essa pessoa.

Uma arquitetura de informação "fluida", pra pegar carona no Zygmunt Bauman.
;-)


abraços,
mauro

--
prof. mauro pinheiro
universidade federal do espírito santo
centro de artes
depto. de desenho industrial




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