Arquitetura da Informação (em Português)

[Bernardo Doré <berdore AT gmail.com>]

Leticia,

concordo 100% com você.

abcs

Bernardo

2010/7/20 Leticia Cianconi <lecianconi AT gmail.com>

Complementando (ou não :p) dizer que são operadores de Axure pela carência de cursos superiores é superestimar o valor real de uma faculdade em uma profissão tão nova e tão heterogênea. Aliás, curso superior em AI / UX, socorro, né. O bacana da área é justamente receber pessoas de diferentes visões, formações, expectativas, olhares, backgrounds.... Criar um curso superior só irá engessar e por todo mundo igualiznho. Não acho q seja por aí.

Sobre ter pós na área, ai acho mais válido, entretanto, vale ressaltar que não é a pós que vai fazer de você um profissional ou, em última instância, irá qualificar você para uma vaga. Eu já fiz uma pós na área, no Rio, e achei muito válida. Porém, (me desculpem o que acharem minha visão radical, maasssss) a maioria dos alunos era absolutamente perdida e parecia ter ido parar lá de para-quedas. No final da pós, muitos alunos ainda não sabiam a diferença entre acessibilidade e usabilidade, só para ficar no basicão. E não, não era a qualidade do curso, que era ótima, tampouco as dos professores, que era excelente. Era qualidade dos alunos mesmo e o despreparo. E eu percebo que muitos que vão para uma pós, o fazem por motivos errados - foram fraquinhos na faculdade, não arrumam emprego, querem ganhar um aumento de salário (vc vê isso demais entre funcionários públicos), são preguiçosos e acham que na pós irão encontrar quem explique tudo tin-tin por tin-tin sem que eles tenham que ler livros e não entenderam q a fase babá já acabou etc etc. É claro que há exceções, óbvio, mas não é raro você encontrar esse perfil de "perdidões que precisam de babás" em pós-graduações pelo Brasil.

Não estou, de forma alguma, querendo dizer que devemos acabar com as pós ou sendo contra a quem faz. Acho válida, eu mesma fiz e faria de novo. Mas não vamos por a responsabilidade para a qualificação e o preparo e a raça de por a cara pra aprender, que é individual, num curso. O curso serve para dar o pulo do gato, para network, para troca de experiências. O resto, e até mesmo o aprendizado, é com cada um.

Sobre a diferença entre os salários de sêniores e plenos e juniores, eu acho que a Melina, se não me engano, deu uma boa pista: muita gente (talvez os solitários tão comuns na nossa profissão?) deve ter se classificado como sênior e na hora de botar o salário, resolveu por o real. E deu essa bizarrice.

Leticia

Em 7 de julho de 2010 13:03, Emerson Niide <emersoncn AT gmail.com> escreveu:

Não é não, Alexandre. São 'n' motivos, mas acho que o principal vem do próprio perfil do profissional.

Na faculdade, perguntei a um professor qual era a diferença de ele dar aula para a gente, na Cásper, e das palestras no interior do Maranhão. Ele disse que no segundo caso era mais fácil - pois os alunos, exatamente por terem teoricamente menos oportunidades, se preocupavam em extrair o máximo do conteúdo passado.

Quer dizer, mesmo que uma empresa contrate um operador de axure, e o cara não tenha tido treinamento, ele pode correr atrás, fazer cursos, ler livros, participar de eventos, propor sugestões que mudem o escopo da sua função de fazedor de quadrado para planejador... Enfim, depende da pessoa mudar.

Ao mesmo tempo, tem tanta gente (não só em AI) com graduação, pós, doutorado, o que for, e que também não faz nada além de só apertar parafuso de wireframe (ou o equivalente em sua área de atuação).

E por sinal, pegando carona num twit da Marina Silva, se você acha que o motivo da falta de qualidade dos AIs é falta de fazer curso superior, já vi que você não votou no Lula*.

* o twit original dela era "Já vi que você não votou no Lula" respondendo sobre não votar em alguém por falta de experiência em cargos no executivo

2010/7/7 Alexandre Berbe <aberbe AT gmail.com>

O Rafael colocou uma coisa que acho importante que seja discutida: a formação do arquiteto de informação. Além da FIT, quais são os cursos de pós que formam profissionais para atuar na área? Será que um dos motivos (porque acredito que exista outros) para que muitos arquitetos de informação sejam colocados na função de "operadores de Axure e Visio especializados em wireframes" não é a carência de cursos superiores de tecnologia e pós-graduação que formem pessoal mais capacitado para atuar com AI?


Alexandre.

Em 6 de julho de 2010 15:19, Rafael Moraes <souza.moraes AT gmail.com> escreveu:

Gostaria da opinião de vocês a respeito do mercado para quem inicia. Para alguém que deseja se tornar um arquiteto de forma séria. Eu, por exemplo, não consigo uma oportunidade de entrar como JR (ou qualquer outra denominação que se queira). Sempre atuei como webdesigner e sou formado em Publicidade. Comecei minha busca para me tornar um AI participando do treinamento (acho que não pode ser considerado um curso, pela quantidade de horas) da Jump Education e, depois, comecei a pós-graduação em AI da FIT. Em termos de uma formação teórica, para um AI no Brasil, acredito que não exista nada melhor, pelo menos por enquanto. Então me considero um profissional que quer se tornar AI de forma séria, pois tenho buscado, a duras penas, o que existe de mais sério ao meu alcance. Pois bem..

Por um outro lado - ou, melhor, pelo mesmo lado - a um bom tempo se fala na falta de profissionais de AI no país. Com direito a matéria na Info. (em que o Guilhermo foi entrevistado) em que se afirma que "sobram vagas e bons salários para arquitetos de informação". Como não vejo reflexo disso no meu dia-a-dia de um profissional que busca uma primeira oportunidade, acabei chegando à seguinte conclusão: os contratantes estão preferindo oferecer 30% a mais em salário e benefícios para roubar um profissional do concorrente. Mas estão se esquecendo de investir na formação de novos profissionais. O que está sendo (e vai continuar) muito bom para muitos dos que fazem parte desta lista, por exemplo, mas que vai ser prejudicial para esses contratantes no longo prazo.

Por fim, para contribuir com o tema principal da discussão, que é, a meu ver, se somos analistas/estrategistas ou apenas uma ponte entre a estratégia nenhuma e a necessidade de transmitir profissionalismo para o cliente por meio de protótipos navegáveis... Eu mesmo já pensei em criar um blog focado em oferecer tutoriais que ensinam a criar sitegramas no Visio e wireframes e protótipos no Axure e Justinmind. Tipo.. o Gary Vaynerchuk dos protótipos! Abordaria todas as ferramentas, inclusive Catalyst e Fireworks CS5... Quem sabe assim conseguiria uma oportunidade mesmo sem experiência. O que eu quero dizer é que existe sim um apelo forte para as ferramentas e um desconhecimento profundo a respeito da profissão (alguém já disse aqui a pouco tempo, com muita pertinência, que os job description no Brasil ainda são indefinidos e muito abrangentes). Não acredito que seja o caso do UOL, pois já participei de processos de seleção deles e não passei nem da Cadmus, o que mostra que eles sabem bem o que querem.

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