Arquitetura da Informação (em Português)

["FERRAZ Gonçalo" <goncaloferraz AT gmail.com>]

Boas, lá, caros. Delícia de discussão, hein?! Gostaria de colaborar
também, já que estou aprendendo muito por aqui.

On 5/20/06, Fabio Santos Palamedi <fabiosp AT rgm.com.br> wrote:

> Analisando isso mais a fundo, sera que a culpa pela definição erronea do termo 
> "design" , não seria culpa da nossa própria cultura, em adorar o que é 
> estrangeiro? Não sou contra o uso de termos em ingles, mas não é só o fato de 
> cultivarmos uma palavra de origem estrangeira. É a questão da relevancia do que estamos 
> empregando.

Concordo com a discrepância atribuída ao termo quando usado em nossa
língua. Sabemos que "não há tradução" direta para o português. Quando
foi tentado algo neste sentido, na década de 80, o resultado foi o
termo "projética", cujo gosto bastante, mas na época não "colou". E
sempre fica mais próximo do entendimento quando procura-se significado
na origem etimológica da palavra: design, designar, atribuir função,
gerir processo, etc.

> Dai vc me pergunta: Fabio, o que tem a ver o barbeador, e a cadeira 
> ergonomica com arquitetura de informação? [...] Seja a interação 
> homemXcomputador, ou qualquer outra interação. A partir do momento  em que o 
> homem usa uma ferramenta, como extensão das suas habilidades, é necessário 
> uma interface.

Legal. Marshall McLuhan trouxe isso em primeira mão, Os meios de
comunicação como extensões do homem
[http://en.wikipedia.org/wiki/Marshall_McLuhan#Understanding_Media_.281964.29].

> Existe um livro muito interessante, do Steve Johnson, chamado "Cultura da 
> Interface", onde ele cita exatamente essa diferença de termos, e como isso 
> modifica a nossa vida, em um ambiente digital.

Também do McLuhan: O meio é a mensagem
[http://en.wikipedia.org/wiki/Marshall_McLuhan#The_medium_is_the_message]
"A medium affects the society in which it plays a role not by the
content delivered over the medium, but by the characteristics of the
medium itself".

Assim, pode-se entender que um mesmo método análogo qualquer deve ser
adequado ao meio utilizado. As técnicas sempre devem levar isso em
consideração para comunicação mais efetiva.

> Acho muito pertinente essa citação, porque temos manias de querer separar as 
> coisas.
> Seria facil, de definir AI como sendo uma extensão de Design, se não houvesse 
> tantos outros conceitos aplicados a ela. Design, AI, com conceitos de 
> Biblioteconomia, engenharia, ergonomia e mais um monte de coisas, para se 
> criar algo novo. Claro que estamos testemunhando o começo disso tudo, mas 
> quem sabe quanto tempo poderia levar isso para acontecer...

Tou contigo também, e penso que tudo isso é consequência do
desenvolvimento da ciência a partir dos métodos científicos
cartesianos, o isolamento entre objeto e observador
[http://goncaloferraz.googlepages.com/naturezaemdestruicao], e as
técnicas científicas, a especialização por áreas, etc.

Parece-me que agora, com a revolução tecnológica e informacional, há,
ou pode haver, uma inversão desta tendência, uma vez que o acesso
facilitado à outras áreas retoma uma certa consciência de que tudo é
uma coisa só, não há tal distinção, e todas as áreas do conhecimento
são aplicadas conjuntamente para maior compreensão de qualquer
fenômeno.

Daí a questão de vermos as inter-relações entre biblioteconomia,
processos cognitivos, semiótica, engenharia, psicologia, comunicação,
etc, e a grande vantangem do designer ser um Gestor de processo,
reconhecendo outras áreas para que saiba designar especialistas
durante o processo. Colocando, então, o design como atividade
intelectual estratégica, podendo enquadrar-se também em atividade
operacional, em caráter interdisciplinar com as outras áreas
envolvidas em determinado projeto!

Grande abraço.
Gonçalo