Arquitetura da Informa��o (em Portugu�s)

[Carlos d´Andréa <charlesjr AT radioben.net>]

Olá, Alessandro, lista,

após algum tempo observando a discussão, esta é minha primeira 
intervenção...

concordo com a idéia de que é limitador pensar estrutura e conteúdo de 
forma separada. Por comodismo, falta de compreensão do meio ou mesmo 
para sermos didáticos, nos acostumados a chamar o recheio do site de 
conteúdo, esquecendo que, especialmente na web, a informação está 
intrinsecamente ligada à estrutura em que está inserida.

Em minha dissertação de mestrado em Ciência da Informação tive contato 
com alguns artigos muito interessante de um francês chamado Roger 
Pédauque, que estuda a passagem dos documentos tradicionais para o 
eletrônico e ressalta, além do argumento acima, a idéia de que o 
documento depende de um aparato técnico para se acessado e da 
participação, ainda que pequena, do leitor/usuário/navegador na 
construção do sentido.

O texto com esta argumentação chama-se Document: Form, Sign and Medium, 
As Reformulated for Electronic Documents e está disponível em 
http://archivesic.ccsd.cnrs.fr/documents/archives0/00/00/05/94/sic_00000594_01/sic_00000594.pdf

Se alguém tiver interesse no tema, vamos trocando figurinhas ...

Abs
Carlos d´Andréa




> Message: 3
> Date: Mon, 19 Dec 2005 11:07:04 -0300
> From: Alessandro Vieira dos Reis <alessandro AT hoplon.com>
> Subject: [AI] critica ao termo CONTEUDO
> To: "Arquitetura da Informação (em Português)"
>         <aifia-pt AT lists.ibiblio.org>
> Message-ID: <43A6BE88.6060502 AT hoplon.com>
> Content-Type: text/plain; charset=ISO-8859-1; format=flowed
>
> Oi, pessoas!
>
> Tenho notado rotineiramente que muita gente do mundo digital usa o
> termo "conteudo" de forma, na minha opinião, confusa e até errada.
>
> É comum vermos um site dizendo que tem conteudo bom, ou no nosso caso
> mais especifico game designers dizendo que "O jogo ta pronto, so falta
> agora colocar conteudo".
>
> A impressão que tiramos desse tipo de declarações é a de que um
> produto digital (site ou jogo) é uma forma pura, desprovida de
> conteudo. Uma abstração. Creio que isso tem origem no historico dos
> profissionais dessas industria: programação.
>
> Mas tbm creio que esse termo não serve para jogos, e nao há apenas uma
> questão de nomenclatura, mas de filosofia de trabalho!
>
> Ora, se quando eu termino a programação e as peças audio-visuais então
> eu terminei o jogo, e agora só falta o conteudo dele, então não
> estarei compartimentalizando demais o projeto? Sendo o produto um
> midia interativa, algo complexo por natureza, deveria separar as
> partes assim em caixinhas?
>
> Pela filosofia estética sabemos que conteudo é o oposto de forma, e
> que existe duas concepções estéticas de produção:
>
> - conteudismo (pense numa peça de teatro que vale pelo texto recitado,
> e não pela montagem cenica)
>
> - formalismo (pense num show espetaculoso de uma banda de rock, que
> impressiona!, mas é superficial)
>
> - um mix dos dois, que não distingue forma e conteúdo, ou melhor, no
> qual forma é conteúdo e vice-versa (Secos & Molhados é um bom exemplo)
>
> RESUMINDO, pessoal: tenho observado que esteticamente nossa industria
> é formalista. Os desenvolvedores, por suas formacoes em tecnologia,
> tendem a ver o jogo como um conjunto SEM CONTEUDO de software e peças
> audio-visuais, e a acreditar que DE ALGUMA FORMA criativa e
> não-sistematizada alguém (o game designer?) vai criar "conteudo" para
> o jogo, que funcionaria como um elan vital, um fluido vivificante que
> faz o Frankenstein se erguer da maca depois de levar um relampago.
>
> Dada a complexidade já mencionada de se criar uma mídia interativa,
> não seria melhor que nossa filosofia de trabalho fosse do 3o tipo
> citado acima? (Me refiro a indistinção de forma e conteúdo, que requer
> que ambos sejam pensados previamente e juntos).
>
>
>
>
>
> Alessandro
>