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aifia-pt - Re: [AI] Metáfora de uma Livraria

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Subject: Arquitetura da Informação (em Português)

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Chronological Thread  
  • From: "MAQ" <maq AT bengalalegal.com>
  • To: Arquitetura da Informação (em Português) <aifia-pt AT lists.ibiblio.org>
  • Subject: Re: [AI] Metáfora de uma Livraria
  • Date: Fri, 11 Jul 2008 17:24:28 -0300

 
 
Oi Alessandra, boa tarde.
 
Ok, tudo entendido, amiga.
 
Não foi  no EBAI, deve ter sido no WAIU. No EBAI eu só  apareci no vídeo que a Lêda Spelta passou após sua palestra, um vídeo do "Acesso Digital".
 
O que acontece, Alessandra, é que, como trabalho  com acessibilidade web, tenho de ficar demonstrando  em empresas particulares, para grupos de TIC, a importância da acessibilidade e, em geral, sou bastante questionado em tudo. A resistência que a maioria tem a mudanças é grande. É sempre preferível se fazer o que se sabe e aí eu tenho de ser técnico em áreas que até não conheço muito. Imagina eu falando de acessibilidade web para um design, um programador, etc.   Daí, quase sempre meu discurso acaba sendo agressivo. Para mim é, por vezes, um pouco angustiante ter de ficar provando que existe mercado para acessibilidade quando, no íntimo, sinto mesmo que se a acessibilidade fosse feita para poucos seria um investimento válido, pois eu sei os apertos que passo para entrar e navegar em determinados sites e, com toda a experiência que tenho, tirar algum conteúdo das apresentações e comportamentos  dos sites.
 
 Daí, quando entro em um site como esse do Zoomii onde não rretiro nada, que sinto que não pensaram nem de longe em pessoas com deficiência, me dá um troço por dentro que acaba o profissional que existe em mim para entrar a pessoa com deficiência quase sempre barrada na web e em sites que todos acham maravilhosos. Então fica aquela coisa. Eu vou no site e digo que a acessibilidade está ruim, bem prejudicada e... e... e daí? Nada muda porque aquele site está maravilhoso e pronto.
 
Fica aquela coisa. Será que o mundo tem de mudar por causa de meia dúzia de ceguinhos que não têm nada para fazer, que mal utilizam a internet e que  não vão comprar o meu produto?
 
O mundo, além de mudar muito pouco e lentamente, só faz isso por obrigação e quando é lei. Poucos pensam em qualidade, em maior número de visitas, na necessidade de outras pessoas. Daí, percebo também que em estudos de usabilidade, poucos são os que envolve pessoas com deficiência. Já perguntei por aqui, acho, que quais dos amigos sabem como seja uma boa usabilidade para pessoas com pouca destreza manual e que só naveguem por via do teclado? Acredito que poucos ou mesmo nenhum. Simplesmente porque nunca somos inseridos no público alvo. O que mais irrita é sermos invisíveis. Estou numa lista de profissionais de qualidade, que procuram se atualizar, alguns mesmo a serem vanguardas no que fazem. No entanto, Alessandra, vocês têm informações a procurar no mundo, informações para  testar, criticar, etc. Onde eu vou procurar testes de usabilidade com pessoas  com deficiência motora?
 
 O último que li com pessoas com deficiência visual era tão ridículo, que faziam testes com pessoas cegas em páginas na web em txt!!! Isso para provar que pessoas com deficiência visual navegam melhor em conteúdos textuais e a conclusão da "coisa" era a de que os designers deveriam fazer versões especiais para pessoas com deficiência visual. Simplesmente o fim da inclusão digital para nós. Até na web deveríamos navegar por lugares especiais e não em  um site para todos. Ou seja, o sujeito não sabe nada tecnicamente falando, nada  de nada de nossas necessidades de inclusão e sugere a exclusão para nós. Manda os caras para um link na página principal, especial para eles. Aí, pessoas com tetraplegia e que navegam também por via do teclado como nós cegos vão entrar em páginas preto e branco, sem links, formulários, só textuais! Essas coisas eu consigo encontrar!
 
Desculpe-me Alessandra, mas são anos de exclusão, são muitos anos de invisibilidade, anos em que não conseguimos nem mesmo sermos diferentes porque simplesmente não existimos. Cegos, tetraplégicos, paralisados cerebrais, pessoas com síndrome de down na internet? Nas ruas? Nos teatros? Nosso maior problema não é não enxergar, não ouvir, não andar, pensar lentamente, nosso problema é não sermos vistos, não  sermos ouvidos, não pensarem em nós. No Brasil Ã©ramos 24,5 milhões de pessoas em 2000, pelo IBGE. E hoje?
 
Profissionalmente entendo e aceito, acho comum e normal, um site como o Zoomii. Sei também que foi feito para um público especial, que gosta da coisa de uma determinada forma e não de outra. No entanto, esse público pode escolher entre formas e maneiras de cada site. Não gostou desse, vai para outro: "a distância está em um clique". Para nós não.
 
Mas, Alessandra, você é legal, Bernardo é legal, Fábio é legal, Guilhermo até ensina em seu blog a como se fazer um salto... só pessoas como nós, com deficiências, precisamos disso! Para quem utiliza mouse um salto para a mesma página deve ser ridículo e sem nexo. O Helder, o Fernando (desculpem-me, minha memória não é de cego e não me lembro dos sobrenomes), Gabriela, André, tem gente que já me procurou em particular propondo trabalho etc. As pessoas estão atentas, pelo menos as que não têm medo de terem de ser mais criativas e de comprar barulho.
 
 Sim, porque o que vão fazer de perguntas, o que questionam o diferente, o que surge daí é sempre uma batalha, infelizmente para poucos.
 
E tem uma hora que a gente acaba dando uma dessas que eu estou dando aqui. Possivelmente em lugar e hora errados. Mas, aconteceu! 
 
Bernardo: gostei.
 
Respondo as próximas em pvt, caso  contrário acabo ocupando muito espaço, tenho consciência disso.
 
Abraços desculposos do MAQ.
 
 ***
Bengala Legal - Cegos, Inclusão e Acessibilidade: www.bengalalegal.com
Acessibilidade Legal - Sites Acessíveis para todos: www.acessibilidadelegal.com
***
P. S.: Você está recebendo um e-mail de uma pessoa cega. Isto é inclusão
digital! Comemore conosco.
Uma sociedade inclusiva é aquela que reconhece, respeita e valoriza a
diversidade humana.
MAQ - Rio de Janeiro - CEL: (21) 9912-0000.
***
----- Original Message -----
From: ale nahra
Sent: Thursday, July 10, 2008 10:06 PM
Subject: Re: [AI] Metáfora de uma Livraria

Oi MAQ

Eu sou a Alessandra. Admiro muito o seu trabalho, vi sua palestra no EBAI do ano passado, mandei o link do seu vídeo para muita gente, eu sei que você é uma pessoa legal. E eu sou, como todos aqui da lista, preocupada com a acessibilidade universal dos projetos em que participo e da vida em geral. Ou seja, sou uma pessoa legal também ;)

Não tenho a menor intenção de discordar de nada do que você disse. Acho que todos aqui na lista concordam que acessibilidade é fundamental, acho que não existe nenhum AI que não tenha este requisito como uma prioridade. E acho que todos os sites do mundo precisam ser acessíveis, multibrowser etc. Mas, só para continuar defendendo a diversidade, não apenas das interfaces...

Acho que os designers do zoomii pensaram sim na diversidade humana, e num público-alvo um tantinho fora do comum, como você disse: é um site feito para as pessoas-que-gostam-de-escolher-o-livro-pela-capa.

O zoomii é um afiliado da Amazon. Eles criaram um jeito diferente de mostrar a mesma coisa que a Amazon tem, mas a venda é da Amazon. É apenas uma experiência visual diferente (bem chata, até, para aqueles que não têm paciência para clicar e arrastar, dar zoom, etc). Seria melhor se fosse acessível, claro – mas mesmo assim não acho que seria o site preferido para compras de livros para muita gente. Mesmo assim, que bom que alguém pensou nisso.

Um abraço.








2008/7/10 MAQ <maq AT bengalalegal.com>:
 
Oi Amig , não sei seu nome. Para mim não está acessível a subscrição do e-mail.
 
Você escreveu:
 
Acho que faz parte da diversidade a quantidade de opções de interfaces. Acho que o zoomii não é apenas uma metáfora e não era nisso que os designers estavam pensando."
 
O mais engraçado na diversidade de interfaces é nunca levarem em conta a diversidade humana e, em  geral, volta-se a velha (e desculpem-me os especialistas, questão do público alvo). O público alvo nunca são pessoas um tantinho fora do comum. Não estou falando de mim agora.
 
 A maioria aqui da lista tem equipamentos muito bons, banda larga, são pessoas padrão. Pessoas de grandes metrópolis, no mínimo médias cidades e navegam de forma comum. Eu diria que para pessoas padrão não é preciso ser um bom profissional para agradar. Para se fazer um site padrão basta se copiar inúmeros por aí. Joga-se um charmezinho aqui, segue-se as regras ali... pronto.
 
Mas aí, os melhores profissionais pensam no cliente mais que ele próprio e percebem  que boa parte dos consumidores ainda utilizam conexão discada, alguns ainda funcionam com navegadores antigos, que  não são técnicos e espertíssimos em tudo, que pessoas com grana no bolso podem pagar uma conexão infinita para seus palmtops ou mesmo celulares e que navegam via teclado quando estão com eles esperando suas horas nos médicos.
 
A diversidade de pessoas não está somente nas que gostam de sites tradicionais ou não, que têm apenas gostos diferentes ou não. Por vezes pessoas padrão são tão padrão que, para estas, diversidade humana é apenas de gosto de um clique, copiar e colar, arrastar de mouses... mas tudo no mouse!
 
Como o(a) amig disse, um dia submarinos da vida serão verdadeiramente acessíveis, mas sites como esses Zoomii da vida, também serão. Fazer a imagem da capa de um livro ser acessível basta colocar um atributo de imagem em sua tag com o título do livro e seu autor. Simples, um atributo. Basta conhecimento, não é caro, não dói, basta saber que existem outros consumidores.
 
E sabe de uma coisa: o micro e a internet não é coisa nova para nós, estamos por aqui desde 1993, só que a maioria não tem todos esses avisos que tenho em minha assinatura eletrônica, todos aqui podem ter conversado com um sem o saber, via Skype, MSN, e-mail etc...
 
Mas, como todos, somos brasileiros e não reclamamos de nada. Falamos mal dos governos para ter de quem reclamar nossas vidas, especialmente depois da segunda no boteco, ou do barzinho com os amigos. Por outro lado, como todos os seres humanos, como são os clientes, patrões, técnicos, designers, AIs e nós, acabamos por nos acostumar ao que podemos fazer e pronto, ninguém enche o saco como eu. Aliás, não costumo encher tanto o saco conforme estou fazendo aqui e hoje. Normalmente sou bonzinho como todo o padrão social exige. Todas as vezes que falo  de acessibilidade como a penso e sinto, saio como "ceguinho revoltado" e você, amigo, precisa me conhecer para  ver como sou um cara legal. Bem... exagerei nessa afirmação, mas quando se exagera para um lado, temos de exagerar para o outro também, certo? (risos).
 
Começo a me  despedir da lista. Estou indo para outras paragens, claro, depois de terminar o atual serviço.
 
 Continuo com uma dívida aqui. Trata-se da outra palestra que estava em mp3. Está dzipada no meu HD, acho que de alguém chamada Sílvia, não me lembro. Escutei a do Guilhermo, que aliás gostei muito, mas fiquei nessa dívida de escutar a palestra dela. É dessa lista?
 
Bem, tenho de escutar e, logo que o faça, deixo minhas impressões e me despeço dos amigos.
 
Não sei quem seja o administrador dessa lista, mas vou agradecendo logo as concessões e pedindo desculpas de qualquer coisa a todos.
 
Caramba, tenho de fazer uma manifestação especial para os que ao menos tentam fazer algo com acessibilidade e também aos participantes da polêmica, mais especialmente ao Helder que me atiçou. Perdoem-no, ele não sabia o que fazia! (risos).
 
Abraços agradecidos e desculposos do MAQ.
 
***
Bengala Legal - Cegos, Inclusão e Acessibilidade: www.bengalalegal.com
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***
----- Original Message -----
From: ale nahra
Sent: Thursday, July 10, 2008 2:07 PM
Subject: Re: [AI] Metáfora de uma Livraria

O que todos estão sugerindo, então, é que a interface do zoomii é coisa de amador, ultrapassada etc?

Acho que faz parte da diversidade a quantidade de opções de interfaces. Acho que o zoomii não é apenas uma metáfora e não era nisso que os designers estavam pensando. A navegação, inclusive, é igual a do Google Maps (subir, descer, zoom in e out etc).

Quem quer praticidade e rapidez, compra no Submarino. Quem quer escolher livro pela capa, vai no Zoomii.

Todos ficam felizes. Mais felizes ficaremos quando o Submarino, ou algum concorrente, for completamente acessível ;)

(apenas meus dois centavos)



2008/7/10 MAQ <maq AT bengalalegal.com>:
 
Caro Fábio, boa tarde.
 
Caramba, eu não me aguento, paro de trabalhar e estou aqui respondendo! (risos).
 
O amigo escreveu:
 
"Alê, e o que seria um"ambiente interativo" para vc? =)
Uma referencia para apimentar o debate =)
Além da interação puramente
física
, o termo designa a
ação
 conjunta humano-humano e humano-
máquina
. Em termos simples, ocorre interação quando a ação de uma pessoa desencadeia uma reação em outro (humano ou não). Esta interação pode ter diversos níveis,
desde a simples bidirecionalidade até a
interatividade.
Fonte: Wikipedia
 
[],s
Fabio Palamedi"
 
Aí eu coloco sal na pimenta para ficar mais gostoso:
 
Pessoas com deficiência são consideradas humanas?
 
Sou o patinho feio da lista, o chato respeitoso e talvez respeitado, que fica sempre lembrando o indigesto.
 
Entretanto...
 
Pode ter certeza que sou humano e estou totalmente retirado dessa interatividade aludida. Bilateralidade?
 
Então pensemos:
 
Será que todos os conceitos do mundo não foram feitos para cegos, afinal, seríamos marcianos?
 
Sendo assim, que legal, viemos para revolucionar até os conceitos!
 
A diversidade humana só pode ser conhecida quando saimos da nossa igualdade de nós mesmos e olhamos para o outro. Dessa forma, para conseguirmos olhar para o outro, temos de ter já olhado para nós mesmos! Só aí poderemos comparar as diferenças e fazer algo universal.
 
Filosofia?
 
Apenas na aparência.
 
Faça padrões web, scripts não obstrutivos, acessibilidade, design acessível, aprenda simplesmente que não se rola a tela por via do teclado, apenas damos saltos, que imagens podem ser lidas por cegos e você acabará por conhecer o significado de interatividade, bilateralidade, multilateralidade, diversidade e o maior deles: humanidade.
 
Abraços interativos do MAQ, que volta a trabalhar! (risos). Vou pertubar minha mulher, é água com açúcar! MAQ. 
 
***
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----- Original Message -----
Sent: Thursday, July 10, 2008 10:47 AM
Subject: Re: [AI] Metáfora de uma Livraria

Alê, e o que seria um"ambiente interativo" para vc? =)


Uma referencia para apimentar o debate =)

Além da interação puramente física, o termo designa a ação conjunta humano-humano e humano-máquina. Em termos simples, ocorre interação quando a ação de uma pessoa desencadeia uma reação em outro (humano ou não). Esta interação pode ter diversos níveis, desde a simples bidirecionalidade até a interatividade.
Fonte: Wikipedia

[],s
Fabio Palamedi

2008/7/10 ale moreno <aleweb AT gmail.com>:
tem razão. tem espaço para experimentalismo. tem que ter.
mas qual o experimentalismo no caso?

essas metáforas do mundo real não tem nada de novo.
já experimentamos. e não aprovamos.
é o que temos de mais antigo na internet. e é tão antigo que "ninguém" mais faz.

outra coisa: que ambiente interativo????
pq gastamos essa palavra com qualquer coisa???
que tipo de interativadade esse site tem que uma globo, terra, uol,
ig, etc não tem?

ele pode ser mais lúdico. ok.
mas... "ambiente interativo"? não, né?

abs,
alê moreno (já gastando a participação anual que faz na lista. rs)


2008/7/9 Julio Protzek <julioprotzek AT gmail.com>:
> Gente, agora vou fazer o papel do diabo aqui.
>
> Sabendo da importância dos sites acessíveis, estamos atentos também a
> importância dos inacessíveis?
> Naturalmente sites voltados para o grande público precisam ser acessíveis e
> aí é até uma questão de
> lógica.
>
> Mas há também os sites (menos comuns) que são experiências técnicas ou de
> navegação. Esses são geralmente
> experimentais e voltados para um público mais restrito, de interessados em
> novas tecnologias e formas de interação.
>
> Muitos desses sites não são úteis em sim, mas são uma criativa de lidar com
> problemas comuns e podem vir a evoluir
> para algo mais útil em outros projetos.
>
> Pelo que entendi, a proposta do zoomii é muito mais testar novas
> possibilidades e afrouxar os limites da web como
> um ambiente interativo. Nesses casos experimentais, nem sempre é adequado
> usar todas as boas práticas comums.
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