Arquitetura da Informação (em Português)

["mauro pinheiro" <mauro.pinheiro AT gmail.com>]

Eduardo, aproveitando o seu comentário, eu diria que o "casamento"
Nielsen & Norman é perfeito.

O Nielsen, com a sua visão de engenheiro, tentando quantificar tudo,
tornar exata uma questão subjetiva que é a "experiência" de uso dos
meios digitais. Ele parece sempre preocupado em como otimizar a
experiência, numa ótica muito semelhante a de uma ergonomia - num
modelo taylorista ultrapassado, a meu ver, mas enfim...

O Don Norman vai no caminho oposto. Sua visão da interação
homem-computador, sua maneira de ver os fenômenos que envolvem a
relação do homem com os artefatos (não somente os meios digitais) é
brilhante. Não é a toa que seus livros em geral são referências no
campo do design...afinal, quantas pessoas do nosso meio você conhece
que estão dialogando com o pessoal da neurociência para entender
melhor como se dá o processo emocional, para poder projetar coisas que
de fato causem uma experiência mais rica? Um foco que vai além da
"execução eficiente da tarefa", mas que pretende emocionar, causar
impacto, gerar uma experiência digna de lembrança.

Essa dobradinha N+N me parece ótima. Os dois hemisférios se complementando.

Particularmente, eu me interesso muito mais pelo que o Don Norman tem
a dizer. :-)

Uma coisa realmente não dá pra negar. Ambos sabem se vender
direitinho. Nesse ponto, acho que os dois são "marketeiros", como você
disse, mas acredito que o Norman tem contribuído muito mais para
discussão e crescimento de nosso campo de atuação.

Sobre a generalização que você apontou, eu tenho a impressão - não é
uma certeza - de que o principal "culpado" não é o Nielsen, e sim nós
mesmos! Quem generaliza os resultados e esquece o contexto original
são as pessoas que estão buscando "fórmulas" mágicas para seus
projetos. O Nielsen em geral faz um relato de uma experiência
particular, deixando bem claro qual foi o contexto. Ele empacota isso
bonito, pra vender (nisso ele é muito bom). Mas a leitura de que os
resultados de uma pesquisa específica seria aplicável a **qualquer**
contexto é feita pelos seus "seguidores" - apesar de eu achar que, lá
no fundo, o Nielsen também pensa que seria aplicável sim a qualquer
outro contexto! ;-)

Como disse a Laurinha, acho que esses caras são altamente
questionáveis. Mas quando eles falam, eu escuto, especialmente o Don
Norman. Já o Nielsen eu escuto com dois pés atrás!


--
prof. mauro pinheiro
universidade federal do espírito santo
centro de artes
depto. de desenho industrial



On Nov 27, 2007 5:26 PM, Eduardo Loureiro <contato AT eduardoloureiro.com> wrote:
> Acho que o Norman nem tanto, ele parece mais se preocupar com suas
> pesquisas, enquanto o Nielsen tem o perfil de marketeiro, querendo
> quantificar tudo. O grande problema é que ele pega resultados que obteve em
> um certo contexto (cliente, negócio), que pode sim ter validade (nesse
> contexto) e generaliza pra tudo e todos.
>
>
>
> Em 27/11/07, Laura Lessa <lauralessa AT gmail.com> escreveu:
>
> > Oi, André e Gil.
> >
> > Sim, acho as estimativas de ROI do Nielsen totalmente questionáveis,
> > assim como várias coisas que ele escreve.
> >
> > Infelizmente, todas as vezes que eu procurei (e não foram poucas)
> > dados globais sobre ROI em Usabilidade e Arquitetura de Infornação, só
> > encontrei estimativas, nada muito concreto.
> >
> > O paper do Nielsen Norman Group que indiquei era sobre ROI em vários
> > projetos que tiveram a participação deles. Eu não li este paper, mas
> > já tive a oportunidade de ler outros artigos que eles vendem e a
> > qualidade costuma ser boa.
> >
> > Afinal, a gente pode - e deve - questionar o Nielsen e o Dan Norman,
> > mas os caras têm uma grande experiência, isso não dá pra negar.
> >
> > bjs,
> > Laura
> >
> >